Visual do blogger de cara nova. Tomara que tenha melhorias (pelo menos tá mais limpo).
Hoje fui na faculdade e uma história que me aconteceu hoje, com um marimbondo está relatada à lápis, aí num enorme texto aí em baixo para quem tiver paciencia. Comente se quiser, e diga o que você considera como metafora no texto ^^
Na faculdade teve ensaio para o a apresentação de dança folclorica de festa junina que vai acontecer amanhã, durante a visita à escola japonesa. Foi bem divertido ensaiar, ainda mais fazendo dupla com a Thaís toda linda~! ^^
Hoje também é aniversário de um grande amigo meu, o Márcio (Toha). Cara apesar de algumas divergências que tivemos (e não é para menos, nos conhecemos a bem mais de 10 anos!) você sabe que é um grande amigo e pode contar comigo! Parabéns e feliz aniversário!!
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Um Marimbondo
Deparei me com um inseto no chão, quando hoje estava sentado numa sala de aula vazia a pensar sobre o nada.
O pequeno inseto era um marimbondo. Um entre centenas que habitam diversas colméias povoando, voando, sob a minha faculdade de letras. A história desses insetos em particular, por aqui é repudiada e o veredicto é unânime e feito em uníssono: “São uma praga que precisa ser exterminada”.
O medo por eles, ou mais precisamente, de uma dolorida ferroada (que na verdade nunca senti) é causa de precaução aversiva. Talvez se esse prédio fosse da faculdade de biologia, os marimbondos seriam mais respeitados. Pois o que se teme é o desconhecido. Assim sendo, salvo as brilhantes exceções que felizmente existem em todo lugar, quem não pode garante que onde marimbondos são respeitados, textos literários produzidos na faculdade opressora de insetos, não seriam repudiados também? Dúvida como essa sinto ecoar de forma tão terrível como o temor por marimbondos que vejo por aqui. A dúvida de saber onde é o meu lugar.
Os marimbondos certamente estavam por aqui antes deste prédio ser construído. Nativos valentes que resistem a várias investidas para serem tirados de seu habitat.
O habitat do homem de letras é tal qual numa casa de marimbondos. Incomodando, e buscando sobrevivência nem que seja numa casa feita com seu esforço próprio. Várias casas espalhadas dentro de outra casa, tão expansiva quanto o devaneio literário poderia alcançar.
E de certa fora à culpa daquele marimbondo ter caído foi minha. Pois ao sentar-me na sala vazia para pensar sobre o nada, pensando no egoísmo do nada, liguei o ventilador. A rápidas hélices do ventilador não são tão rápidas quanto o bater de asas de um inseto alado, a natureza é impar. Porem rápidas o suficiente para obrigar as asas do marimbondo a parar. Em desespero o inseto se debatia no chão. Mas isso foi só em um momento.
Depois disso ficou no chão tentando se recuperar, mas se encolhia como um doente terminal em seu ultimo e estranho leito. Insetos, como doentes terminais, mesmo em casa não morrem em seu habitat natural. O leito de morte é diferenciado. E o último desejo em vida me pareceu ser voltar para casa. Aos céus. Vida na fé buscando a morte.
Fui tentar socorre-lo de alguma forma. Dor alheia incomoda, principalmente com sentimento de culpa. Pois só de ouvir o estrondoso choque que tombou o marimbondo minha dispersa atenção foi tomada.
Com a ponta do meu lápis, delicadamente o cutuquei tentando dar-lhe apoio necessário na tentativa de fazer o inseto levantar. Mas por mais que eu tentasse (e principalmente ele tentasse) a situação permanecia perecendo cada vez mais.
Retornei a minha cadeira, achando que esse teria sido o fim.
Com alguma ingênua e instintiva fé na sobrevivência o limite do fim é rompido.Como no ponto final de um romance imortaliza-o, o ponto final da vida daquele marimbondo seria a chave para eterniza-lo ao mesmo tempo em minhas lembranças. E o que somos se não um conjunto de lembranças em ebulição constante? Lembranças sendo formadas, se somando a tantas memórias passada de vidas preenchidas constantemente. Uma folha em branco sendo escrita diariamente a lápis, para ter a chance de apagar certas memórias.
Tinha esperança que podia ter ajudado aquele marimbondo, e a chance disto estava em meu lápis.
Eis que o marimbondo ganhou vida.
Começou a debater-se no chão e novamente fui tentar ajuda-lo, mas a recuperação dependia das forças dele mais do que nunca.
Alguns minutos passaram-se e as tentativas de alçar vôo novamente fascinavam-me. Pois nunca tive medo ou nojo de marimbondos. Eram até então indiferentes para mim, até conhecer um mais de perto. Precaução sim, nunca é demais deixar de correr riscos. Embora na beira da morte a esperança está na tentativa de correr risco. E ele tentou fazer alguma coisa.
Pequena criatura. Negra e alada. Quis dar-lhe um nome, mas não consegui.
Tentei ajudar-lhe com o lápis, e enfim, graciosamente, subiu nele. E nele permaneceu. Olhei bem de perto, diretamente e sem medo, quis conhecer teu mundo.
De construção fascinante como as particularidades da natureza. Muitos condenam o marimbondo, pré conceituosamente por feiúra. E como era de esperado muitos olhares aversivos seguiram-se quando resolvi passear pelo prédio da faculdade acompanhado dele. Repúdio e espanto de alguns, nos corredores ao ver um ferido marimbondo na ponta de um lápis. -“Não se preocupe marimbondo” Nada mais normal.
Um misto de culpa e fascínio despertaram em mim à vontade de cuidar. Nessa hora já não havia remorso e apenas um certo, e previsível, silencio em nossa cumplicidade.
Andei assim por vários corredores sem ter nenhum lugar para onde ir. Bebi água no bebedouro na ida e na volta de lugar nenhum, onde encontrei e parei para conversar com um amigo a respeito de uma festa que acontecerá em breve, e ele também não sentiu aversão ao moribundo marimbondo, que permaneceu em idas e vindas no meu infindável lápis.
O marimbondo, como um gato se lambia. Demonstrou certos sinais de melhora, mas não voava, e talvez nunca mais fosse voar. Mas essa duvida não me assustou mais. Tinha de ser devolvido à natureza, afinal não seria em um cru lápis que deveria viver.
Sentei-me só novamente, perto de uma grande varanda, e com calma ajudei o inseto a pousar em uma larga parede com frestas, arejadas, em xadrez. Conduziam-no ao mundo natural. Logo se ele passassem para o outro lado, certamente nunca mais o alcançaria.
E depois de ter hesitado o marimbondo andou pelas largas frestas, revitalizando-se com a luz do sol que caramelizaram sua antiga e profunda negritude. E foi de uma certa altura, sem vacilar e talvez sem ter outra esperança que o inseto tentou voar de novo. Porem em vão, pois caiu novamente. Dessa vez caiu sobre uma larga marquise, onde nada havia senão fuligem e um crânio d e um pequeno pássaro.
Nunca vi aquele pássaro, mas certamente sua morte trouxe uma modificação no conceito de beleza. Agora, imóvel e alvo, passou a ser apenas um ícone macabramente refinado. Pontos de vista, felizmente, divergem. Mas se houvessem mais vívidos pássaros voando pela faculdade ao invés de marimbondos feridos e caveira de pássaro, menos incomodo teriam os passantes dessa casa, que não tentam ver a beleza escondida no pré-rejeitado.
A beleza da vida e morte no último vôo do marimbondo pelo abismo, sem medos ou incertezas.
Marimbondo, seu nome deveria ter sido luz.
Guilherme Schneider
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quarta-feira, junho 11, 2003
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